2 jun, 2023
Doenças
foliares do algodão preocupam produtores na safra 2022/23
A safra de algodão 2022/23 tem
sido desafiadora para os cotonicultores de Mato Grosso em razão da alta
ocorrência de Mancha alvo (Corynespora cassiicola), principalmente, e Mancha
da ramulária (Ramulariopsis spp.). O alto volume de chuvas durante o
primeiro trimestre do ano e a frequência de precipitações até o mês de abril, formou
um ambiente com condições favoráveis para o desenvolvimento dessas que são as
duas principais doenças da cultura.
O cenário é o oposto da safra
passada (21/22), quando houve redução antecipada das chuvas em importantes
regiões produtoras da pluma no Estado, o que determinou a baixa incidência das
manchas foliares. Já neste ciclo, ao mesmo tempo em que as condições climáticas
são favoráveis ao bom desenvolvimento das plantas, também favorecem os
patógenos.
Com relação à mancha alvo, os
relatos mais frequentes vêm de propriedades do eixo da BR 163, região do Parecis
e Sul do Estado. O fungo Corynespora cassiicola é favorecido pela
umidade prolongada e temperaturas de 22ºC a 30ºC, os danos se dão inicialmente
no baixeiro da planta, provocando lesões foliares e queda prematura das folhas.
A junção desses fatores diminui a capacidade da planta de realizar a
fotossíntese. Havendo maior intensidade de sintomas, outras etapas do
desenvolvimento são afetadas, como botão floral e maças já formadas, e a chance
de ter abortamento é alta.
A Fundação MT conduz ensaios
que avaliam a eficácia de fungicidas indicados para o controle tanto da mancha
alvo, como de ramulária, nos Centros de Aprendizagem e Difusão (CAD) de
Sapezal, Sorriso e Primavera do Leste. Para mancha alvo, os tratamentos têm o
objetivo de avaliar o melhor momento de aplicar produtos à base de Protioconazol,
o principal ingrediente para controle dessa doença, e o número de aplicações
necessárias com o ingrediente ativo. Os primeiros resultados desses ensaios indicam
mais efetividade com primeira aplicação no início do desenvolvimento da
cultura, aos 40 dias, e no máximo com 90 dias.
É importante lembrar que outros
métodos de controle também são fundamentais no manejo da doença, já que os
cuidados com a lavoura levam em consideração outros problemas, como pragas e
nematoides, além da busca pelo melhor rendimento de pluma. A escolha do material
é o primeiro passo e o uso de biológicos e indutores de resistência adicionam
mais segurança.
Com relação à ramulária, o programa de fungicidas também é definido conforme a escolha do material genético, já que há no mercado cultivares com tecnologias de resistência/tolerância à doença. Os multissítios têm sido uma ferramenta importantíssima para o controle, com destaque para os ingredientes ativos Clorotalonil e Mancozeb, além dos fungicidas estanhados. Já os sítio-específicos indicados são dos grupos Carboxamidas, Triazóis e Estrobirulinas e os que apresentam maior eficácia de controle.
Essa será uma das temáticas do nosso XV Encontro Técnico Algodão, que será realizado entre os dias 28 a 30 de agosto, no Hotel Gran Odara em Cuiabá, o evento tem como objetivo disseminar dados de pesquisas, apresentar posicionamento da Fundação MT, e promover diálogos sobre os gargalos da cotonicultura.
Inscreva-se e participe conosco: https://bit.ly/encontro-tecnico-algodao